terça-feira, 19 de abril de 2011

TODA A MAJESTADE DE ROBERTO CARLOS

Roberto Carlos Braga nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo, no dia 19 de abril de 1941. Roberto Carlos, é indiscutivelmente, o maior artista brasileiro de todos os tempos! Ele foi um dos primeiros ídolos jovens da cultura brasileira, liderando o primeiro grande movimento de rock feito no Brasil. Além dos discos, estrelou um programa na TV Record, chamado Jovem Guarda (que batizou esse movimento de rock), e filmes inspirados na fórmula lançada pelos Beatles - como "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura", "Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-rosa" e "Roberto Carlos a 300km por Hora". Atualmente continua se apresentando com freqüência e produz anualmente um especial que vai ao ar na semana do Natal pela Rede Globo, mesma época em que costumavam ser lançados seus discos anuais.
Entre 1961 e 1998, Roberto lançou um disco inédito por ano. Seus discos já venderam quase 130 milhões de cópias e bateram recordes de vendagem - em 1994 chegou a marca de 70 milhões de discos vendidos -, incluindo gravações em espanhol e inglês, em diversos países. Fez milhares de shows em centenas de cidades, no Brasil e no exterior. Seu fã-clube é um dos maiores de todo o mundo. Dezenas de artistas já fizeram regravações de suas músicas. Sua popularidade o tornou conhecido no Brasil e na América Latina como O Rei. Em 2010, durante premiação no Radio City Music Hall, em Nova Iorque, o então presidente da Sony Music, Richard Sanders, intitulou-o Rei da Música Latina.
Tendo iniciado a carreira sob influência do rock'n'roll que vinha dos Estados Unidos da América, despontou no início da década de 1960 com composições próprias, geralmente feitas em parceria com o amigo Erasmo Carlos, e versões de sucessos do então recente gênero musical - entre os quais, "Splish Splash", "O Calhambeque", "Parei na contramão" e "É Proibido Fumar" -, fundando as bases para o primeiro movimento de rock feito no Brasil. Com o sucesso, estrelou ao lado de Erasmo e Wanderléa um programa na TV Record chamado Jovem Guarda, que daria nome ao movimento musical. Desta fase, destacaram-se inúmeros sucessos como "Não quero ver você triste", "Lobo Mau", "A garota do baile", "Não é papo pra mim", "Parei, olhei", "História de um homem mau", "Quero que vá tudo pro inferno", "Esqueça", É papo firme", "Mexericos da Candinha", "Eu te darei o céu", "Nossa canção", "Namoradinha de um amigo meu", "Eu sou terrível", "Quando", "Maria, Carnaval e Cinzas", "Só Vou Gostar de Quem Gosta de Mim", "Como é grande o meu amor por você", "Se você pensa", "As canções que você fez pra mim", "Ciúme de você", "Eu te amo, te amo, te amo", "As curvas da estrada de Santos", "As flores do jardim da nossa casa", "Sua estupidez".
Na virada para década de 1970, reformulou seu repertório rock'n roll e se tornou um cantor e compositor basicamente romântico, que não modificou desde então. Logo também mudava seu público-alvo, que deixou de ser o jovem e passou a ser o adulto. Nessa linha, emplacou mais grandes sucessos como "Detalhes", "Amada Amante", "Como dois e dois", "Debaixo dos caracóis dos seus cabelos", "Quando as crianças saírem de férias", "Como vai você", "Proposta", "A Cigana", "O portão", "Eu quero apenas", "Além do horizonte", "Olha", "Os seus botões", "Ilegal, imoral ou engorda", "Amigo", "Falando sério", "Cavalgada", "Outra vez", "Força estranha", "Café da manhã", "Na paz do seu sorriso", "Amante à moda antiga", "Emoções", "Cama e mesa", "Fera ferida", "O côncavo e o convexo", "Caminhoneiro", "Verde e Amarelo", "Pergunte pro seu coração", "Dito e feito", "Tanta solidão", entre outras. Também a partir dessa fase despontaram composições de cunho religioso em sua obra, algumas também com bastante sucesso, como "Jesus Cristo", "Todos Estão Surdos", "A montanha", "O homem", "Fé", "Estou aqui", "Guerra dos Meninos", "Ele esta pra chegar" e "Nossa Senhora", entre outras.
Nascido no interior do Espírito Santo, na cidade de Cachoeiro de Itapemirim, é o quarto e último filho do relojoeiro Robertino Braga (27 de março de 1896 - 27 de janeiro de 1980) e da costureira Laura Moreira Braga (Mimoso do Sul, 10 de abril de 1914 - Rio de Janeiro, 17 de abril de 2010). A família morava no bairro do Recanto, numa casa modesta, no alto de uma ladeira. Os demais membros da família eram: Lauro Roberto Braga, Carlos Alberto Braga e Norma Moreira Braga, a qual Roberto Carlos carinhosamente chamava Norminha. Ainda criança aprendeu a tocar violão e piano - a princípio com sua mãe e, posteriormente, no Conservatório Musical de Cachoeiro de Itapemirim. O ídolo na época era Bob Nelson, um artista brasileiro que se vestia de cowboy e cantava música "country" em português.
Incentivado pela mãe, cantou pela primeira vez em um programa infantil na Rádio Cachoeiro, aos nove anos. Apresentou-se cantando o bolero "Amor y más amor". Como prêmio pelo primeiro lugar, recebeu balas. O cantor recordaria anos depois o momento, relatado na obra "Roberto Carlos em Detalhes", de Paulo Cesar de Araújo: "Eu estava muito nervoso, mas muito contente de cantar no rádio. Ganhei um punhado de balas, que era como o programa premiava as crianças que lá se apresentavam. Foi um dia lindo."[3] Tornou-se então presença assídua do programa, todos os domingos acreditando no seus sonhos de cantar. Aos seis anos de idade, no dia da festa de São Pedro, que é o padroeiro da cidade de Cachoeiro do Itapemirim, ele foi atropelado por uma locomotiva a vapor e sua perna direita teve de ser amputada até pouco abaixo do joelho.[4] Roberto e a coleguinha de escola Fifinha estavam na plataforma da estação. Quando o trem se aproximava, a professora puxou repentinamente a menina com medo que ela caísse. Roberto, que estava de costas para os trilhos, assustou-se e acabou caindo. O cantor usou muletas até os 15 anos, quando colocou a sua primeira prótese – essa parte de sua perna é mecânica.
Na segunda metade dos anos cinquenta, mudou-se para Niterói. Seguindo a tendência juvenil da época, entrou em contato com um novo ritmo musical, o Rock, passando a ouvir Elvis Presley, Bill Haley, Little Richard, Gene Vincent e Chuck Berry. Em 1957, Arlênio Lívio, um colega de escola, levou Roberto Carlos para conhecer um grupo de amigos que se reunia na Rua do Matoso, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Lá conheceu Sebastião (Tim) Maia, Edson Trindade, José Roberto "China" e Wellington. Formou com Arlênio, Trindade e Wellington o primeiro conjunto musical, The Sputniks. Certa vez, ele precisava da letra de "Hound Dog" - e o grande fã de Elvis Presley daquela turma de amigos era Erasmo (Carlos) Esteves. Desta forma, Roberto Carlos conheceu aquele que se tornaria o maior parceiro musical. Tim Maia saiu dos Sputiniks e o grupo foi desfeito. Edson Trindade, Arlênio e China formaram o grupo The Snakes, chamando Erasmo para ser crooner. A carreira solo de Roberto foi iniciada no mesmo ano como "crooner" da boate do Hotel Plaza, em Copacabana, cantando samba-canção e bossa nova. The Snakes acompanhavam tanto Roberto Carlos quando Tim Maia, contudo ambos nunca fizeram parte do grupo, Roberto Carlos passou a se apresentar com frequência em clubes e festas. Roberto foi convidado por Carlos Imperial a se apresentar no programa musical "Clube do Rock", da TV Tupi. Carlos Imperial costumava apresentar Roberto Carlos como o "Elvis brasileiro" e Tim Maia como o "Little Richard brasileiro". No final daquela década, Roberto gravou alguns compactos e iniciava sua carreira oficialmente. Em 1959, Roberto Carlos lançou "João e Maria/Fora do Tom", um compacto simples. Dois anos depois, ele lançava o primeiro álbum, "Louco Por Você". Imperial compôs boa parte das canções deste disco. O disco não chegou a ter tanto sucesso, e hoje é esquecido.
Conhecido nacionalmente, Roberto Carlos começou a apresentar o programa Jovem Guarda em 1965, da TV Record, ao lado de Erasmo Carlos e Wanderléa. O programa popularizou ainda mais o movimento e consagrou o cantor, que se tornou um dos primeiros ídolos jovens da cultura brasileira. Ainda em 1965, foram lançados os álbuns "Roberto Carlos Canta Para A Juventude" - com sucessos "História de Um Homem Mau", "Os Sete Cabeludos", "Eu Sou Fã do Monoquíni" e "Não Quero Ver Você Triste", parcerias com Erasmo Carlos - e "Jovem Guarda", com os sucessos "Quero Que Vá Tudo Pro Inferno", "Lobo Mau", "O Feio" (de Getúlio Côrtes) e "Não é Papo Pra Mim".
Em 1966, Roberto Carlos apresentou os programas "Roberto Carlos à Noite", "Opus 7", "Jovem Guarda em Alta Tensão" e "Todos os Jovens do Mundo", todos de vida efêmera e da TV Record. Mas o que mais marcaria aquele ano seria uma briga por motivos profissionais, que quase colocou fim à parceria entre Roberto e Erasmo Carlos. A razão da separação foi uma falha da produção do programa "Show em Si… Monal", da TV Record, que homenageava Erasmo. A produção do programa havia preparado um pot-pourri com as composições mais famosas de Erasmo, entre as quais "Parei na Contramão" e "Quero Que Vá Tudo Pro Inferno". A controvérsia foi criada por conta de que estas canções foram compostas em parceria com Roberto Carlos, mas os créditos foram dados unicamente a Erasmo. Os dois se desentenderam, e a parceria ficou suspensa por mais de um ano. Neste período, Roberto compôs "Querem Acabar Comigo" e "Namoradinha de um Amigo Meu", que foram lançadas no LP "Roberto Carlos" daquele ano (o disco ainda tinha os sucessos "Eu Te Darei o Céu", "Esqueça" (versão de Roberto Corte Real), "Negro Gato" (de Getúlio Côrtes) e "Nossa Canção" (de Luiz Airão). Nesta época, Roberto teria tido um romance com a modelo Maria Stella Splendore, então mulher do famoso estilista Dener. Desta relação, há a possibilidade, até hoje não confirmada, do cantor ser pai da filha de Maria Stella, Maria Leopoldina Splendore Pamplona de Abreu. Isto teria sido o pivô da separação de Dener e Maria Stella.
Em 1967, a amizade Erasmo-Roberto seguia estremecida, embora os dois apresentassem - junto com Wanderléa - o programa "Jovem Guarda", na TV Record. Roberto Carlos compôs sozinho sucessos como "Como É Grande O Meu Amor Por Você", "Por Isso Corro Demais", "Quando" e "de Que Vale Tudo Isso", que seriam lançados no LP "Roberto Carlos Em Ritmo de Aventura", trilha sonora do filme homônimo, lançado no ano seguinte, e que teve produção e direção de Roberto Farias e elenco com José Lewgoy e Reginaldo Farias. O filme tornou-se um grande sucesso de bilheteria do cinema nacional.
A relação entre Erasmo e Roberto Carlos voltaria ao normal por causa de "Em Ritmo de Aventura". Envolvido com diversos compromissos profissionais, Roberto não conseguia finalizar a letra da canção de "Eu Sou Terrível", que Seria a faixa inicial da trilha sonora do longa-metragem. Então, ele pediu auxílio ao velho parceiro Erasmo Carlos, que o ajudou a finalizar a letra. Assim, a amizade e a parceria dos dois foram retomadas.
Ainda naquele ano, Roberto Carlos fez em Cannes (França) os primeiros espetáculos no exterior e participou de alguns festivais de Música Popular Brasileira. Com "Maria, Carnaval e Cinzas" (de Luís Carlos Paraná), o cantor ficou em quinto lugar. Algumas pessoas hostilizaram a presença de um ícone da Jovem Guarda - tido como "alienado" sob a óptica da época.
Em 1968 foi lançado o LP "O Inimitável". Disco de transição na carreira do cantor, o álbum teve influências na black music (Soul/Funk) estadunidense e emplacou vários sucessos, como "Se Você Pensa", "Eu Te Amo, Te Amo, Te Amo", "É Meu, É Meu, É Meu", "As Canções que Você Fez Pra Mim" (todas parcerias com Erasmo Carlos), "Ciúme de Você" (de Luiz Ayrão) e "E Não Vou Deixar Você Tão Só" (de Antônio Marcos). Ainda naquele ano, Roberto Carlos se tornaria o primeiro e único brasileiro a vencer o Festival de San Remo (da Itália), com a canção "Canzone Per Te", de Sergio Endrigo e Sergio Bardotti, e se casaria, em Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), com Cleonice Rossi, mãe dos filhos, nascidos no Brasil, Roberto Carlos Segundo (o Segundinho, mais conhecido como Dudu Braga, nascido em 1969), e Luciana (nascida em 1971). Ele ainda tem uma enteada, filha de Cleonice, Ana Paula Rossi Braga, quem a considera como filha legítima.
A mudança de estilo do cantor viria definitivamente em 1969. O álbum "Roberto Carlos" foi marcado por um maior romantismo em lugar dos tradicionais temas juvenis típicos da Jovem Guarda. Entre os sucessos deste LP estão "As Curvas da Estrada de Santos", "Sua Estupidez" e "As Flores do Jardim da Nossa Casa", todas parcerias com Erasmo Carlos. Ainda naquele ano, foi lançado o "Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa", segundo filme dirigido por Roberto Farias e novo êxito de bilheteria.
A partir da década de 1970, marcaria o fim da Jovem Guarda e consolidaria o prestígio de Roberto Carlos como intérprete romântico no Brasil e no exterior (Estados Unidos, Europa e América Latina). O cantor seria o artista brasileiro que mais venderia discos no país. Várias das suas canções foram gravadas por artistas como Julio Iglesias, Caravelli e Ray Conniff.
Em 1970, o cantor fez uma bem-sucedida temporada de shows no Canecão. No final daquele ano, foi lançado o álbum anual, que trouxe sucessos como "Ana", "Vista a Roupa Meu Bem" e "Jesus Cristo", canção que também marcava sua aproximação com a religião.
No ano seguinte, foi lançado "Roberto Carlos a 300 km por Hora", o último filme e também um grande sucesso nacional. Ainda em 1971, foi lançado "Roberto Carlos", disco contou com os sucessos "Detalhes", "Amada Amante","Todos Estão Surdos", "Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos" (homenagem a Caetano Veloso) e "Como Dois e Dois" (de Caetano Veloso).
O álbum "Roberto Carlos", de 1972, repercutiu com "A Montanha" e "Quando as Crianças Saírem de Férias", além de ter sido o primeiro LP a atingir a marca de um milhão de cópias vendidas; e "Roberto Carlos", de 1973, com "Rotina" e "Proposta". Em 24 de dezembro de 1974, a Rede Globo exibiu um especial do cantor, que obteve um enorme índice de audiência. A partir daquele ano, o programa seria veiculado anualmente, sempre no final do ano.
Em 1975, o grande sucesso seria "Além do Horizonte". No ano seguinte, o cantor gravaria o novo LP nos estúdios da CBS em Nova Iorque. O álbum lançou as canções "Ilegal, Imoral ou Engorda" e "Os Seus Botões". Em 1977, Roberto Carlos gravou "Muito Romântico" (de Caetano Veloso) e "Cavalgada", lançadas no disco natalino e que alcançaram os primeiros lugares nas paradas musicais.

No ano seguinte, foi lançado "Roberto Carlos", de 1978, de onde se destacaram as famosas "Café da Manhã", "Força Estranha" (de Caetano Veloso) e "Lady Laura"- esta última dedicada a sua mãe. O disco vendeu um milhão e quinhentas mil cópias. Além de álbuns que vendiam mais de 1 milhão de cópias por ano, os shows de Roberto Carlos eram também disputados: em 1978, o cantor percorreu o país por seis meses, sempre com casas lotadas.
No início da década de 1980, participou de outra campanha, dessa vez para o Ano Internacional da Pessoa Deficiente. Em 1981, o cantor fez excursões internacionais e gravou o primeiro disco em inglês - outros seriam lançados em espanhol, italiano e francês. Também gravou o disco anual, que contou com sucessos como "Emoções", "Cama e Mesa" e "As Baleias".
Em 1982, recebeu da gravadora CBS o Prêmio Globo de Cristal, oferecido aos artistas que ultrapassam a marca dos cinco milhões de discos vendidos fora do país de origem. Ainda naquele ano, Maria Bethânia participou do álbum anual, no dueto "Amiga". Era a primeira vez que o cantor convidava um outro artista para participar das gravações do disco. Roberto Carlos (1982) ainda teve o sucesso "Fera Ferida", outra parceria com Erasmo.
Em 1984, sua canção "Caminhoneiro" foi executada mais de três mil vezes nas rádios do país em um único dia e, no ano seguinte, "Verde e Amarelo" bateria esta marca ao ser tocada três mil e quinhentas vezes. Ganhou em 1988 o Grammy de Melhor Cantor Latino-americano e, no ano seguinte, atingiu o topo da parada latina da Billboard. Ainda em 1989, teve grande repercussão com "Amazônia". No tradicional especial de fim de ano da Rede Globo cantou sucessos como Outra vez ao lado de Simone.
Em 1985 participou da Campanha para ajudar as crianças da América Latina, na canção Cantarê Cantarás ao lado de Júlio Iglesias, Glória Estefan, José Feliciano, Plácido Domingos entres outros. Em 1992 gravou seu nome na Calçada da Fama em Miami nos Estados Unidos, para artistas latinos. A marca de Roberto Carlos (onde ele colocou as mãos) está localizada na "Astros Latinos - Calle 8 - 17 street - Miami Flórida - EUA". Em 1996, gravou ao lado de Júlio Iglesias, Glória Estefan, Plácido Domingos, Ricky Martin, John Secada entre outros, em espanhol a canção Puedes LLegar, o tema das Olimpíadas de Atlanta nos Estados Unidos.
Roberto Carlos já fez vários duetos com artistas internacionais, entre eles estão Júlio Iglesias, Pedro Vargas, Vicente Fernandez e Lani Hall, esta última gravou a canção "De Repente El Amor". Também gravou com as espanholas Ana Belén e Rocío Dúrcal. Gravou a canção Sentado a Beira do Caminho com a cantora americana Eydie Gormé. Em 1998 Roberto Carlos cantou com o Tenor italiano Luciano Pavarotti em um show realizado para 50.000 pessoas no Estádio Beira Rio em Porto Alegre. Roberto Carlos já fez centenas de apresentações pelo mundo. Com prêmios na América e Europa. Está entre os 100 artistas que mais discos venderam no mundo em todos os tempos. Nos Estados Unidos, Roberto Carlos é considerado o Frank Sinatra da América Latina.
O "RankBrasil", criado em 1999, reconhecido nacional e internacionalmente, é referência para pesquisas de cunho educativo, informativo, cultural, entre outros, sendo uma referência quando se trata da homologação de recordes brasileiros em diversas modalidades. O "RankBrasil" homologou o Rei da Música Brasileira, Roberto Carlos, pelo recorde de "Cantor Brasileiro que Mais Vendeu Discos no Mundo", com um total de 120 milhões de cópias, em 50 anos de carreira. Roberto Carlos é o único artista latino-americano a superar a barreira dos 100 milhões de cópias vendidas (comprovadamente 120 milhões). Perto dele, na América latina, só a cubano-americana Gloria Estefan com pouco mais de 90 milhões. Roberto Carlos é ídolo em países como México, Chile e Argentina, além de países europeus como Itália e Espanha. Em 1999 Roberto Carlos havia alcançado a marca de 80 milhões de discos vendidos. Uma prova incontestável de sua aceitação popular. De lá pra cá, mesmo com toda tecnologia favorável à pirataria que contribui para a crise das gravadoras com a queda da venda de cds, Roberto Carlos vendeu mais 40 milhões de discos, ou seja, na última década Roberto Carlos vendeu mais do que muitos artistas em suas carreiras.
Durante a década de 1990, o sucesso de Roberto Carlos prosseguiu tanto em nível nacional quanto internacional. Em 1994, Roberto Carlos conseguiu bater os Beatles em vendagens na América Latina, vendendo mais de 70 milhões de discos. No mesmo ano, gandes artistas do rock nacional da época, como Cássia Eller, Kid Abelha, Skank e entre outros, gravam o disco REI em que eles interpretam grandes sucessos do cantor, e este é lançado no mesmo ano.
Em 1995, liderados por Roberto Frejat, grandes nomes do pop-rock brasileiro como Cássia Eller, Chico Science & Nação Zumbi, Barão Vermelho e Skank homenagearam Roberto Carlos com a gravação de canções da época da Jovem Guarda. Ainda naquele ano, o cantor casou-se com a pedagoga Maria Rita Simões Braga. No ano seguinte, Roberto Carlos emplacou mais um sucesso em parceria com Erasmo Carlos: "Mulher de 40". Já em 1997, foi lançado o álbum em língua espanhola "Canciones que amo".
Em 1998, foi diagnosticado câncer em Maria Rita, sua esposa muitos anos, após se separar de Miriam. Eles não quiseram ter filhos. Roberto Carlos teve de conciliar a gravação do disco anual e o apoio à esposa internada na capital paulista. "Seu disco anual", que quase não foi lançado, tinha apenas quatro canções inéditas, entre elas "O Baile da Fazenda", uma parceria com Erasmo Carlos e que contou com a participação especial de Dominguinhos. Em 1999, o agravamento do estado de saúde de Maria Rita, seguido de sua morte em dezembro daquele ano, fez com que o cantor deixasse de apresentar o tradicional especial de final de ano na Rede Globo e não gravasse o disco anual. A gravadora Sony acabou lançando "Os 30 Grandes Sucessos (Vol. 1 e 2)", uma coletânea dupla com os maiores sucessos da carreira de Roberto e uma faixa-inédita, a religiosa "Todas as Nossas Senhoras", escrita com Erasmo.
Depois de um período de reclusão, Roberto Carlos retomou sua carreira com a turnê "Amor Sem Limite", inaugurada em Recife, em novembro de 2000, título da canção - feita em homenagem a Maria Rita - de maior destaque no álbum lançado em dezembro daquele mesmo ano. Ainda naquele ano, o cantor rompeu o contrato com a gravadora Sony (ex-CBS), após 39 anos de parceria.
Em 2001, Roberto recebeu inúmeras homenagens pelo 60º aniversário e gravou o álbum "Acústico MTV", depois de meses de negociações entre a Rede Globo e a MTV Brasil. O álbum trouxe 14 releituras em versão acústica para antigos sucessos, alguns cantados com a participação de artistas como Samuel Rosa, do Skank (em "É Proibido Fumar"), Tony Bellotto, dos Titãs (em "É Preciso Saber Viver"), entre outros.
No ano seguinte, Roberto Carlos foi acusado pelo maestro Sebastião Braga de plagiar a melodia da sua composição "Loucuras de Amor" em "O Careta", de 1987. Também foi lançado o DVD "Acústico MTV",[que logo seria retirado de circulação devido a problemas contratuais. Em comemoração aos 90 anos do bondinho do Pão de Açúcar, o cantor fez uma apresentação para 200 mil pessoas no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro.
No final de 2003, apresentou-se no Ginásio do Maracanãzinho, onde foram gravadas imagens para o tradicional especial natalino na Rede Globo, e também onde foi divulgado seu novo álbum, "Pra sempre", totalmente dedicado a Maria Rita. Com nove canções inéditas, o disco contou com "O Cadillac" (única faixa escrita com Erasmo), "Acróstico" (cujas primeiras letras dos versos formam a frase "Maria Rita Meu Amor") e a bela "Todo Mundo Me Pergunta", além da faixa título "Pra Sempre". Em janeiro de 2004, Roberto fez um show no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, como parte das comemorações dos 450 anos da cidade. Em outubro do mesmo ano, o cantor lotaria o Estádio do Pacaembu, também na capital paulista, na apresentação do show "Pra Sempre" e que seria lançado em DVD. Após iniciar tratamento terapêutico, ele também reconheceu publicamente sofrer de transtorno obsessivo-compulsivo, síndrome que o levou a um comportamento excessivamente supersticioso e o fez abandonar do repertório dos espetáculos canções famosas como "Café da Manhã", "Outra Vez" e "Quero Que Vá Tudo Pro Inferno". Em entrevista coletiva, admitiu que poderia voltar a cantá-las, demonstrando os resultados do tratamento. No final desse ano, comemorou o 30º aniversário do primeiro especial para a Rede Globo e foi lançado o primeiro volume de sua discografia, em uma caixa por década, que reúne seus discos em formato mini-LP e sonoridade remasterizada.
Em 2005, o Jornal do Brasil organizou uma votação sobre discos que emplacaram diversos sucessos ao mesmo tempo na música brasileira. Os primeiro e o segundo lugares ficaram com Roberto Carlos, com "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura", de 1967 (com sucessos como "Eu Sou Terrível", "Quando" e "Como É Grande O Meu Amor Por Você") e "Roberto Carlos", de 1977 (com sucessos como "Amigo", "Outra Vez", "Cavalgada", "Falando Sério" e "Jovens Tardes de Domingo"). Ainda nesse ano, chegou a um acordo com o maestro Sebastião Braga, que o acusava de plagiar uma canção sua. Apesar do sucesso de vendas, os trabalhos recentes de Roberto Carlos continuam a desagradar à crítica, que o considera repetitivo. Ainda naquele ano, recebeu uma indicação e venceu o Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Música Romântica, pelo álbum "Pra Sempre Ao Vivo no Pacaembu".
Em dezembro de 2006, foi lançado "Duetos", CD com 14 faixas e DVD com 16 números, que apresentava momentos tirados dos especiais gravados para a Rede Globo desde a década de 1970. No mesmo período, a Editora Planeta lançou o livro "Roberto Carlos Em Detalhes", de Paulo Cesar de Araújo, uma biografia não-autorizada sobre o cantor, resultado de uma pesquisa ao longo de 16 anos e reuniu depoimentos de cerca de 200 pessoas que participaram da trajetória de Roberto. Carlos repudiou a publicação, alegando haver nela inverdades, e anunciou sua intenção de retirar de circulação a obra. Ainda neste ano Roberto Carlos ganha o Grammy Latino pelo melhor álbum de música romântica (Álbum "Roberto Carlos", 2005).
Em janeiro de 2007, o cantor fez uma viagem à Espanha, onde gravou o primeiro álbum em espanhol em uma década. A Justiça deu ganho de causa a Roberto Carlos e o livro "Roberto Carlos em Detalhes" foi retirado das lojas ao final de fevereiro de 2007. Em 27 de abril de 2007, após longa audiência no Forum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, foi determinado o recolhimento de todos os exemplares do livro. Em junho, fez apresentações no Canecão. Além de participações especiais dos cantores Gilberto Gil e Zeca Pagodinho, dos jornalistas Nelson Motta e Leda Nagle e atores e atrizes consagrados, o repertório do show contou com a íntegra de "É Preciso Saber Viver", canção cujo verso "se o bem e o mal existem" o cantor se recusava a cantar fazia muito tempo, em função do TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), de que falou descontraído e apontando melhoras. No final de julho, Roberto Carlos submeteu-se a uma cirurgia plástica para corrigir uma cicatriz do lado direito do pescoço, resultado de um acidente de carro que o cantor sofreu em julho de 1964, em Três Rios (Rio de Janeiro) - quando o automóvel que dirigia capotou e Roberto levou 16 pontos.
Em 2008, Roberto e Caetano Veloso fizeram juntos um show em tributo a Antonio Carlos Jobim que foi registrado no CD e DVD Roberto Carlos e Caetano Veloso e a música de Tom Jobim. Nesse show participaram com eles Jaques Morelenbaum, Daniel Jobim e Wanderlea.
Em 2009, o cantor iniciou sua turnê de 50 anos de carreira e 68 de idade em um show em sua cidade natal, Cachoeiro de Itapemirim. A apresentação foi realizada no Estádio do Sumaré, conhecido também como Campo Estrela. O show contou com cobertura de toda a mídia nacional e, inclusive, um canal de TV de Portugal. A apresentação, que teve transmissão de alguns trechos no programa Fantástico, da Rede Globo, foi iniciada com a clássica "Emoções", levando ao delírio os fãs conterrâneos, seguida por "Além do Horizonte", "Amor Perfeito", "Te Amo, te Amo, te Amo", "Detalhes" (que Roberto tocou ao violão), "Outra Vez" e "Meu Pequeno Cachoeiro", canção que iniciou o segundo ato do show, o mais difícil, como afirmou Roberto. "Esse segundo bloco é complicado, porque as músicas falam de trechos da minha vida aqui, como a família e a infância", disse. Nessa hora, cantou "Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo" e "Lady Laura", uma homenagem à mãe. Após executar faixas que não cantava há tempos, como "Alô" e "Caminhoneiro", Roberto entrou no último bloco do show, com músicas mais agitadas entre elas "É Proibido Fumar", "Quando" e "Namoradinha de um Amigo Meu". O tão aguardado "Parabéns Pra Você" veio após a música "Jovens Tardes de Domingo", seguida por "É Preciso Saber Viver" e "Jesus Cristo", cantada de pé pelo público e por familiares de Roberto (seus filhos, irmãos e parentes da ex-mulher, Maria Rita, estavam no estádio), que se espremiam para conseguir uma das dezenas de rosas que o Rei lançou à plateia, num gesto que pôs fim ao longo hiato que separava o cantor mais popular do Brasil dos fãs de sua cidade natal.
Em 26 de abril de 2009, aconteceu o show 'Elas Cantam Roberto - DIVAS', no Theatro Municipal de São Paulo, em homenagem aos seus 50 anos de carreira. O Show contou com a participação de grandes cantoras nacionais como Adriana Calcanhoto, Alcione, Ana Carolina, Claudia Leitte, Daniela Mercury, Fafá de Belém, Fernanda Abreu, Ivete Sangalo, Luiza Possi, Marina Lima, Mart'nália, Nana Caymmi, Paula Toller, Rosemary, Sandy, Wanderléa, Zizi Possi e Hebe Camargo e Marília Pêra. No dia 11 de julho, o cantor fez um show em comemoração aos 50 anos de carreira, no Maracanã, Rio de Janeiro. O mais importante show da turnê que vem apresentando pelo país. O Show iniciou-se às 21:40 daquele dia, e acabou 00:30 do dia seguinte. Contou com participações especiais de Wanderléa e do cantor Erasmo Carlos, que protagonizou o momento mais emocionante da noite. O tremendão interrompeu a canção Amigo, e falou sobre a amizade que tinha com Roberto, do telão, indo, logo em seguida, para o palco, onde terminou a música com Roberto, o fez chorar, e cantou outra música: Sentado à beira do caminho.
Na ocasião em que completou 50 anos de carreira, em 2009, iniciou uma turnê de comemoração de 50 anos, cuja primeira apresentação foi em Cachoeiro de Itapemirim, sua cidade natal, no dia em que completa 68 anos. O show foi no estádio do Sumaré, em 19 de abril daquele ano. Foi considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009. Em 17 de março,de 2010,gravou o CD e DVD '"Emoções Sertanejas"' ao lado de artistas da música sertaneja,como Paula Fernandes,Victor & Leo,Bruno & Marrone,Tinoco,Chitãozinho & Xororó,Daniel,Leonardo,Martinha,entre outros.O especial foi exibido pela Rede Globo no dia 1º de abril do mesmo ano e lançado em CD e DVD meses depois.
Em 17 de abril de 2010 morre aos 96 anos Laura Moreira Braga, mãe de Roberto, a dois dias de o Rei completar seu aniversário de 69 anos. A notícia da morte de sua mãe foi dada durante uma apresentação que Roberto Carlos fez no Radio City Music Hall, em Nova York.
Pela primeira vez desde 1974 Roberto Carlos fez um show ao vivo na Praia de Copacabana no dia 25 de Dezembro de 2010 para um público de 700.000 pessoas e transmitido ao vivo pela Rede Globo. o show contou com participações especiais do grupo de pagode Exaltasamba, dos sertanejos Bruno & Marrone e da cantora Paula Fernandes, de Neguinho da Beija Flor e a bateria da escola de Nilópolis (que vai levar sua vida para o sambódromo no carnaval de 2011) além de um coral de 200 crianças da comunidade da Rocinha.
Com um enredo sobre a vida de Roberto Carlos, "A Simplicidade de um Rei", a GRES Beija-Flor conquistou seu 12º título do Carnaval carioca. Números: O palco tinha 24 metros de frente por 17 metros de profundidade, mais ou menos 500 metros quadrados. Uma tenda para os convidados com 300 metros quadrados, 20 contêineres para abrigar os camarins. Um telão foi instalado a cada 70 metros. 460 metros de extensão cobertos por imagens. O espetáculo recebeu em torno de 700.000 pessoas, e foi captado por 16 câmeras, sendo uma delas instalada em um helicóptero. A Prefeitura do Rio de Janeiro gastou 6 milhões de Reais.
Em 2011 a Beija-Flor foi a grande campeã do Carnaval Carioca. Com o enredo "A simplicidade de um rei", sobre a vida de Roberto Carlos. Com um desfile tecnicamente perfeito, marca registrada da agremiação, a azul e branco contou com todo o carisma do rei, que veio no último carro alegórico e levou a Marquês de Sapucaí ao delírio. Ao final do desfile, Roberto Carlos disse que chorou e sorriu na avenida. A escola fez 299,80 pontos de 300 possíveis.
Em 15 de abril de 2011, morre de parada cardíaca a filha mais velha do cantor, Ana Paula Rossi Braga, filha do primeiro casamento dele com Nice Braga. O mesmo então cancela um show que faria em Vitória no dia de seu aniversário (19 de abril).

70 CURIOSIDADES SOBRE ROBERTO CARLOS

- É noveleiro e gosta de jantar diante da TV. Quando come tarde, grava a novela das nove.
- Voltou a comer frango, após 30 anos vegetariano.
- Enquanto estava internada, Maria Rita escutava o marido cantar no telefone. Um familiar sempre fazia a  ligação durante os shows.
- A cada show, são distribuídas 12 dúzias de rosas vermelhas e três dúzias de brancas. Todas sem espinhos.
- Manda buscar seus pratos preferidos no restaurante Antiquarius: bacalhau à lagareira e salmão grelhado.
- Antes de começar a falar, o Rei já assobiava. Uma nota só, mas assobiava.
- O primeiro álbum, “Louco por você”, de 1961, é um cobiçado item de colecionador: custa R$ 5 mil.
- “Caminhoneiro” bateu um recorde em 1984: foi tocada 3, 287 mil vezes, num só dia, nas rádios do país.
- Sua sobremesa preferida ainda é sorvete de chocolate.
- Gravou 14 canções em inglês, 61 em italiano, 4 em francês, 244 em espanhol e 438 em português.
- Sua popularidade na América Latina foi confirmada quando, em visita ao México, João Paulo 2º foi saudado por um coro de 60 mil cantando “Amigo”.
- Mora perto da igreja que frequenta, na Urca, mas sempre vai de carro.
- Tem duas mercedes: uma dourada e outra prateada conversível.
- Foi batizado aos 23 anos, quando despontava nas paradas de sucesso.
- Tem um apartamento só para guardar objetos relacionados à carreira. O endereço é segredo.
- Manda desligar os telefones de casa quando está compondo.
- No auge do TOC, a cozinha da sua casa era tomada por bilhetes pedindo que as pessoas lavassem a mão.
- Ao viajar de carro, dirigindo, não deixa rádio ligado nem conversa.
- No começo da carreira, Roberto não saía sem sua jaqueta vermelha.
- Seus sapatos são feitos sob encomenda há 20 anos. É uma mistura de bota com tênis que fecha com velcro.
- No colégio, gostava de se sentar perto da porta para entrar e sair sem dificuldade.
-Os especiais de fim de ano foram exibidos em mais de 20 países, inclusive nas distantes Albânia e Finlândia.
- A cantora Maysa passou uma noite de 1963 gritando pelo cantor na portaria de seu prédio. Ele não desceu.
-  Na década de 80, ainda casado com Myrian Rios, arriscava idas às boates.
- Tem em casa uma coleção de filmes do Mazzaropi, presente de Maria Rita.
- Seu iate, Lady Laura3º, tem nada menos do que 36 metros.
- A placa dos carros têm sempre os números repetidos.
- O primeiro emprego foi em uma boate em Copacabana. Era crooner e ganhava seis mil cruzeiros antigos.
- Damasco e pêssego são suas frutas preferidas.
- Aos 4 anos, era fã de Bob Nelson e usava roupas de caubói iguais à do cantor e ídolo.
- Gravou em 2001 um programa para a MTV. Mas, devido ao contrato com a Globo, esse programa nunca foi ao ar.
- No café da manhã, prefere frutas e queijo branco.
- Lady Laura, mãe de Roberto, morta em abril do ano passado, foi enterrada ao lado do túmulo de Cássia Eller.
- Torce para o Palmeiras e Vasco.
- Vendeu mais na América Latina do que os Beatles.
- Em 1979, surgiu no palco pintado de palhaço recitando um texto de Ronaldo Bôscoli. Ele experimentou mais de 27 maquiagens e escolheu a primeira.
- A dobradinha azul claro e branco chega até na roupa de cama. O tapete da sala também não escapa e é azul.
- Sempre dorme após 1h.
- Só usa três marcas de camisas e calças: Guess, Levis e Forum.
- É comum ligar para os amigos de madrugada para papear.
- Após ouvir inúmeras vezes que seu avô costumava cair de cavalos marrons, acabou implicando com a cor.
- Usa o elevador de serviço onde mora, que o deixa direto na garagem.
- Só usa perfumes de fragrâncias suaves.
- O programa de Roberto na Globo começou a ser transmitido em 1974.
- Brigou com Erasmo Carlos em 1966. A briga só durou um ano.
- Como a mãe era católica e o pai, espírita, existia um conflito religioso em sua casa.
- Foi muito amigo de Tim Maia.
- Mesmo depois do acidente, Roberto participava do futebol no colégio. Ele jogava no gol.
- Seus compromissos são sempre marcados a partir do início da tarde.
- Em sua casa, tem televisores espalhados por todos os cantos.
- Seus seguranças moram perto de sua casa, em apartamentos comprados por ele.
- Só toma água mineral, e sempre da marca Petrópolis.
- Seu maior medo é de ficar careca.
- A medalha do Sagrado Coração de Jesus, que Roberto carrega há anos, foi presente de uma ex-professora.
- Não é fã de cerveja e prefere jantar bebendo um bom vinho.
- Quando pesca, peixes pequenos são devolvidos.
- O título de Rei surgiu em um programa de auditório.
- Todos os seus sapatos são na cor branca.
- Para manter a forma, gosta de fazer musculação.
- Gosta de tocar gaita.
- Os funcionários mais próximos são os que mais frequentam sua casa.
- Um bolero foi a primeira música que cantou em público.
- Costuma tomar banho com sabonete de glicerina.
- Namorada do cantor nos anos 60, a atriz Maria Gladys o reencontrou em 2008. Ela pediu o telefone dele, mas Roberto não deu.
- Caçula da família, só largou a chupeta aos 8 anos.
- Quadros com temas marinhos predominam em seu apartamento duplex.
- Só comemora a virada do ano à 1h, por causa do horário de verão.
- Nunca permite gelo em sua bebida.
- Corta ele mesmo seu cabelo, sozinho, em casa.
- Aposentou o cachimbo em 1985.

VÍDEOS






segunda-feira, 18 de abril de 2011

DOCUMENTO HISTÓRICO - ENTREVISTA

Em 1966, no auge da Jovem Guarda, a revista REALIDADE, um marco na história do jornalismo brasileiro, destacou o repórter Narciso Kalili para investigar o maior fenômeno musical de seu tempo. Abaixo, a íntegra do extraordinário documento.
VEJAM QUEM CHEGOU DE REPENTE
Reportagem de Narciso Kalili - Matéria publicada na revista Bizz Especial sobre os 70 anos do Rei Roberto Carlos
UM MOÇO DE 23 ANOS COMANDA A REVOLUÇÃO DA JUVENTUDE
Agradecimento Especial: Thiago Salim


Cai uma flor no palco. O cantor se curva, apanha-a, olha para a platéia, e leva a flor aos lábios. É delírio. As meninas aplaudem, gritam, os rapazes assobiam. Uma jovem de 14 anos chora, enrolando nos dedos nervosamente um lenço branco amarrotado. O cantor diz duas frases cheias de gíria, abaixa a cabeça até a altura dos joelhos, estica o braço e anuncia:
- O meu amigo, Erasmo Carlos. O anunciado entra no palco e abraça o cantor, debaixo da barulheira das guitarras elétricas, bateria, palmas e o coro de vozes femininas:
- Esso, esso, esso, Roberto é um sucesso!
Roberto Carlos se retira para que seu amigo cante. Mas volta 4 minutos depois, e tudo se repete. Da primeira fila, uma mocinha sardenta grita, de pé:
- Eu não aguento. Ele é demais. Roberto, eu te amo!
Na mesma hora, longe do teatro mas ainda em São Paulo, na igreja Batista de Santo Amaro, o pastor dirige-se aos fiéis:
- Os que sabem cantar o hino levantem o braço.
Entre os que obedecem, o pastor escolhe um garoto de 6 anos, muito sério, terninho novo:
- Venha cantar aqui na frente.
O orgão toca as notas iniciais e o menino, compenetrado:
- Eu ontem fui à festa, na casa do Bolinha...
A outra cena se passa num apartamento, no centro da cidade. São quatro e meia da tarde, um domingo.
- Vovó, a Jovem Guarda. Vai começar, vem logo!
A senhora deixa a água do café no fogo e vem para a sala. Aumenta um pouquinho o som da televisão e senta-se no sofá, entre os netos que estão de olhos grudados na imagem.
- Ói ele, vó, o Roberto Carlos!
A velha senhora ri, aaranja a saia e, discretamente, começa a bater o pé no chão, acompanhando o ritmo da música. A frase sai quase num suspiro:
- Que moço simpático...
Esse moço simpático já vendeu mais de um milhão de discos e é hoje uma das personalidades mais comentadas em todo o país. Suas músicas de ié-ié-ié são assobiadas, dançadas e cantaroladas de norte a sul.
Nunca um cantor vendeu tantos discos no Brasil e nunca uma música mexeu tanto com a juventude.
A professora Corinta Accioly, diretora de um dos colégios mais importantes de São Paulo, diz que acabou gostando de ié-ié-ié.
- A primeira vez que assisti ao programa de Roberto Carlos na televisão, fiquei um tanto chocada: os gestos pouco elegantes, os cabelos... Mas depois, ouvindo as crianças cantar suas canções, percebi que as palavras usadas são bonitas, meigas e não têm nada de pernicioso para os jovens. Claro, os cabelos ficariam melhor um pouco mais curtos.

O BALANÇO DAS CABELEIRAS

Uma psicológa norte-americana - Joyce Brother -, preocupada com os Beatles, afirma a respeito de suas roupas e seus modos:
- Eles adotam certos maneirismos que beiram os limites do feminino, como aquele balanço que dão às suas vastas cabeleiras. E são exatamente esses maneirismos que parecem atrair mais a sua legião de fãs femeninas mais jovens, da idade entre os 10 e os 14 anos. E isso porque, logo no início da adolescência a menina acha mais atraentes as características delicadas e femeninas do que as atitudes másculas. A explicação parece ser o fato de que esses jovens projetos de mulher ainda se aterrorizam com a idéia de sexo. Então sentem-se mais seguras amando figuras não muito definidas, não claramente masculinas. Os proóprios Beatles não se consideram atraentes em relação às moças. Ringo, o mais destacado do grupo, usa uma quantidade enorme de jóias vistosas.
Quando o rock'n'roll chegou ao Brasil, em 1965, com os discos de Bill Halley e seus Cometas, os sociólogos e psicológas ganharam um problema que já proecupava grande parte de seus colegas no resto do mundo. A juventude brasileira adotou não só o rock, mas as atitudes e filosofia dos cantores estados-unidense. Com o tempo, os jovens substituíram o rock pelo twist e depois pelo hully-gully com uma rápida passagem por Elvis Presley.
Até que surgiram os Beatles com o ié-ié-ié. E o que era mania de apenas uma parte da juventude transformou-se em obsessão e fenômeno social. Apareceu então Roberto Carlos, cantando. O Callhambeque foi o grande início, e em setembro de 1965, nascia em São Paulo uma revolução: o programa Jovem Guarda.
Em poucos meses, os Beatles davam lugar a Roberto Carlos e Erasmo Carlos nas paradas de sucesso. Em Paris, O Calhambeque chegou a ser o segundo disco mais vendido. Portugal, Angola, Argentina, Uruguai, México e outros países começaram a ouvir Roberto Carlos. E nos países latino-americanos O Calhambeque conseguiu quase tanta fama quanto Tico-Tico no Fubá ou Aquarela do Brasil.
De um dia para outro, surgiram mais de dois mil conjuntos de ié-ié-ié. Em São Paulo e no Rio, a televisão criou horários especiais e as empresas gravadoras de discos montaram, às pressas, departamentos para atender a procura da nova música.
O programa de Roberto Carlos, na TV tem a maior audiência no horário. O videotape desse programa, Jovem Guarda, vale ouro e faz sucesso em cinco capitais: Belo Horizonte, Rio, Recife, Porto Alegre e Curitiba, fora as cidades que estão em rede com as emissoras. Calcula-se que a audiência de cada programa vá além dos dois milhões e meio de espectadores.
Estações de rádo também montaram seus programas de ié-ié-ié e o sucesso se alastra, como o fogo posto numa montanha de palitos de fósforo. No auditório, no teatro, em casa, as crianças e os jovens acompanham os cantores, nas músicas e nos gestos: o balanço do corpo, os tapas nas coxas, os punhos fechados dando voltas sobre si mesmos, os passos curtos e ligeiros.

A JOVEM GUARDA


As músicas com as letras são simples. Erasmo Carlos, o compositor de maior sucesso e segunda figura do ié-ié-ié brasileiro, não conhece uma nota.
Nem é necessário ter voz. Quando Wanderléa que completa o trio de maior êxito, canta baixinho e voz esganiçada, o teatro ganha seus únicos momentos de silêncio. De calças pretas bem justas, camisa e botinhas pretas também, Wanderléa é a cantora que tem menos voz e mais sensualidade. Seus gestos são provocantes, os rapazes os acompanham de boca entreaberta e, no final de cada número, os assobios abafam os aplausos. Sua maior rival é Rosemary, que luta com as armas de menina meiga e inocente.
Entre os cantores, Jerry Adriani é o terceiro nome e, na área romântica, Wanderley Cardoso consegue grande audiência juvenil.
O conjunto musical mais importante é Os Incríveis. Depois, todos com nomes ingleses, vêm Renato e seus Blue Caps, os Jet Blacks, os Beatles. Dos conjuntos vocais, o Trio Esperança e os Golden Boys são os mais famosos.
Antes de cantar ou apresentar um dos artistas do programa Jovem Guarda, Roberto Carlos sempre solta a frase que hoje é repetida em todo canto: "É uma brasa, mora!"
Na própria televisão, as lojas anunciam: " Está uma brasa a nossa liquidação". O colunista social Tavares de Miranda adotou a frase: " Quando Hélio Muniz de Sousa sorri, é uma brasa". O anúncio da nova peça de Dercy Gonçalves diz: " Cocó, My Darling, hoje, mora, é uma brasa". Uma churrascaria no centro de São Paulo escreveu na vitrina: " Aqui o churrasco é feito na brasa, mora!". E a TV Record já usou um tom de piada o slogan: "Brasorum est, moratbus".
Em Divinopólis, Minas Gerais, uma jovem de 16 anos escreveu uma carta: " Roberto querido, depois que ouvi a sua voz, fiz um juramento: serei fiel a você até a morte. Nunca mais vou namorar. Você é bárbaro".
Roberto Carlos transformou-se no símbolo da juventude que se identidifica com o ié-ié-ié. A devoção ao novo ídolo chega a extremos. As mocinhas o cercam e, a cada show, mas capitais ou no interior, é necessário um esquema de segurança para protegê-lo.
A base de seu sucesso continua sendo o teatro Record, em São Paulo.
Depois do programa Jovem Guarda, a polícia põe em prática uma operação na porta do teatro: o Aero-Willys verde do cantor encosta na calçada, bloqueanda a entrada principal: duas filas de soldados formam um corredor de 3 metros de porta do teatro à do carro.

A GRANDE FUGA

Roberto Carlos mede a distância e se atira em direçao ao Aero-Willys. Vidros fechados, portas travadas, o carro começa a receber socos, pontapés, tapas, arranhões. As fãs mais apaixonadas, de idades entre 10 e 16 anos, choram, riem, gritam, acenam, desmaiam, são pisadas, empurradass, apanham dos guardas, mas acompanham o carro até onde não conseguem mais correr. A rua do teatro transforma-se numa praça de guerra, as meninas atrás do cantor, os rapazes atrás das meninas:
- Roberto, eu te adoro!
- Sai daí, menina, você se machuca!
- Roberto, meu anjo!
- Se você continua com isso, termino o namoro, já!
- Não sei por que essa bagunça toda. Ele até que é feio!
- Olha lá, seu guarda. Aquelas meninas estão furando por ali, desça o braço nelas!
- Acho que ele é bonequinha. Com esse cabelão não pode ser homem!
Roberto Carlos tem cabelos crespos, que na sua opinião não agradam as garotas. Por isso, duas horas antes do espetáculo ele usa uma touca feita de meia de mulher. Quando está chegando a hora, penteia-se numa cuidadosa operação onde entra um secador elétrico e que pode durar até 10 minutos. Finalmente toma um gole de Saint Raphael para ganhar coragem e porque " nenhum artista entra em cena sem antes tomar um traquino".
Durante o espetáculo, Roberto usa um atécnica especial para provocar o auditório. Além das palavras-chaves como "mora", "uma brasa", uma lenha", usa gestos: faz de conta que atira granadas, tapando os ouvidos como se ouvir a explosão, beija e abraça as cantoras, dança com elas, apanha todas as flores que são atiradas ao palco.
Suas roupas são coloridas, vistosas. Começou com ternos parecidos com os dos Beatles, paletó sem gola, bolsos diagonais. Depois passou a desenhar o que ia vestir: camisas vermelhas, cor-de-rosa, folgadas, punhos largos, cordões cruzados no peito à moda dos cowboys estados-unidense: calças colantes, cintos de cores berrantes, botinhas de várias cores. Ele diz que é necessário que suas roupas sejam agressivas, mas nunca de mau gosto.
Minutos antes de terminar o show, os guardas cercam o palco para impedir que seja invadido pelas fãs. Depois, Roberto recebe repórteres e fotógrafos no seu camarim - uma revista, ou jornal de cada vez.
Roberto tem 8 empregados, todos com menos de 25 anos.
- São os meus amigos - diz ele. Dedé é baterista e motorista ao mesmo tempo. Bruno, o contrabaixista, está sempre por perto para discutir composições a arranjos musicais. No Rio de Janeiro há duas pessoas tratando o dia inteiro dos negócios do cantor: seu irmão Carlos Alberto e a cunhada. Em São Paulo, os mais importantes são a secretária Edy Silva, que não larga Roberto um instante, e Geraldo Alves, o empresário. Este tem dois auxiliares no escritório movimentado, onde não se fala nunca em menos de um milhão. Além dos auxiliares, o cantor tem sempre a sua volta 4 ou 5 rapazes que não recebem nada em troca de sua solicitude. São os bicões:
- Vai me buscar o jornal, ó cara! E o bicho vai comprar revistas, apanhar o terno no alfaiate, chamar um táxi. Os bicões, termo inventado por Roberto Carlos, completam sua corte na sede do grupo em São Paulo ou nas seguidas viagens pelas capitais e interior.

A MARCA DA INFÂNCIA

Foi numa cidade do interior que começou a história de Roberto Carlos, num dia de muito sol e festa, em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, onde ele nasceu no dia 19 de abril de 1941, quarto filho do relojoeiro Robertinho e da costureira Laura.
- Sai daí, Beto, volta pra calçada, que a professora vai ralhar com você.Com medo da professora, o garoto de 6 anos se afastou, das bicicletas que participavam do desfile escolar e foi olhar de longe, perto da linha do trem, distraído, o pé direito sobre o trilho. A fanfarra da escola tocava sem parar e ninguém ouviu a locomotiva avançando. O maquinista tentou frear, não deu tempo. O menino foi arrastado por 10 metros.Renato o lutador de boxe da cidade, atravessou a multidão barulhenta. Não havia um minuto a perder; Beto estava morrendo. Renato apanhou-o nos braços e saiu correndo para o hospital. Mas tarde, na porta da sala de operações, os pais de Beto receberam a notícia.- Está salvo.Não podendo mais participar das peladas e correrias dos amiguinhos. Roberto começou a se interessar por música. Estudou piano e violino, mas largou tudo para se dedicar ao violão. Aos 9 anos cantou pela primeira vez numa estação de rádio em Cachoeiro de Itapemirim. Depois foi para o Rio, aos 12 anos, para estudar. Pensava sempre em música e passando algum tempo uniu-se a outros rapazes, fundando um conjunto vocal. Tão logo terminou o ginásio, foi contratado pela Columbia para substituir Sergio Murilo, cantor de juventude que abandonara a gravadora. Roberto Carlos descobriu que sabia dizer em ritmo de ié-ié-ié o que os jovens queriam ouvir e resolveu compor suas próprias canções. Antes chegou ao sucesso com Splish-Splash, continuou com O Calhambeque. Depois fez A História de um Homem Mau. E não parou mais.Hoje, Roberto Carlos é o rei do ié-ié-ié, adorado pelas garotas, tema obrigatório dos sociólogos, maior sucesso comercial dos últimos tempos (calcula-se que ganha cerca de 100 milhões por mês). Mas não mudou muito em relação ao menino gordinho e briguento em que se transformou depois do acidente de infância. Os olhos de Roberto, inquietos e às vezes sombrios, se iluminam quando fala do passado, embora ele não conte nada com facilidade. Desconversa, foge, chega a ser medroso e desconfiado, sentindo um inimigo em cda desconhecido e fazendo questão de mostrar isso.

CARRÃO QUER DIZER RIQUEZA

O carrão, tema constante de sua vida (hoje ele tem 4 automóveis), é o símbolo da riqueza e do poder:
- Sinto-me um rei dentro do impala.
As garotas estão sempre presentes na vida de Roberto Carlos. Aos beijos e abraços ele marca e desmarca encontros, muda de namorada e sai com 3 ao mesmo tempo. Acorda com Suzi lhe telefonando, almoça com Malena, passa a tarde com Rosinha, janta com Andrea e vai dormir recebendo juras de amor eterno de Vandinha. As meninas que conhece hoje esquece amanhã e não se lembra ter ficado muito tempo com uma namorada só:
- Sou muito leviano. Casamento não é para mim.
Roberto Carlos foi construindo sua imagem aos poucos. Quando gravou O Calhambeque, tinha os cabelos compridos. Mas não usava calças justas nem camisas berrantes.
Elas só apareceram com A História de um Homem Mau, junto com a pulseira de prata que ele não mais tirou do pulso. Nem para tomar banho. Usa dois anés na mão direita. O do dedo mindinho é de ouro e jade. Para ele, homem que usa anéis é mais distinto:
- Barra limpa, mora!
Longe dos palcos, o cantor é displicente com as roupas. Anda de calças rancheiras e camisa esporte que dão um ar mais acentuado de garoto. Não tira as botas de camurça azul. Barbeia-se duaz vezes ao dia, embora tenha pouca barba. E é ele mesmo quem apara seus cabelos, com uma tesoura de ponta igual à dos barbeiros.
Quando canta, seu rosto é o de um anjo malicioso, que conhece mil segredos de sedução, escondidos sob uma ingenuidade desmentida pelos olhos vigilantes. Não gosta de gente muita bonita, procurando em todos alguma coisa que os torne simplesmente "diferentes do resto". Nos homens admira a valentia e a virilidade, traduzindo isso com uma palavra: bandidão. Gosta de mulheres mais velhas que ele:
- Elas me dão segurança e conhecem a vida melhor do que eu.
O encanto indefinido que exerce sobre os joven é um mistério: talvez venha da postura irreverente que adota quando conversa, canta ou simplesmente escuta, lembrando James Dean. Mas a lembrança desaparece no sorriso simpático e cheio de vida. O misto de passividade e agressividade de seu olhar é repentinamente substituído pela vitalidade que explode na voz e na alegria dos gestos e das roupas.
(foto dele jovem)
Roberto Carlos não mostra o mínimo interesse pelo que chama de problemas dos adultos. Nunca ouviu falar de Roberto Campos (ex-ministro na ditadura militar, N. da R.) e reage com ceticismo dos simples quando alguém, por acaso lhe diz que o homem um dia pode chegar à lua. Sua leitura exclusiva são revistas infantis. Não tem a mínima idéia do que seja o Vietnã e do Brasil conhece muito pouco.
Não sabe quem é o governador de Minas Gerais, nem sabe que o Congresso Nacional é formado pela Câmara Federal e pelo Senado. Para ele o importante é "viver a vida": recentemente comprou um apartamento na rua Albuquerque Lins, em São Paulo, onde vai morar com Erasmo Carlos. O apartamento tem três dormitórios, sala enorme, dois banheiros e dependências para empregados. A decoração será suntuosa.
- Vou dar festas de arromba e para receber os convidados já contratei um mordomo de cravo vermelho e tudo.
Enquanto isso não acontece, o quartel-general de Roberto está instalado no quarto 1214 do Lord Hotel, em São Paulo, onde recebe os amigos, os jornalistas e compõe suas músicas. O quarto, sempre em desordem, tem um alvo dependurado na porta do guarda-roupa e o cantor passa horas a fio tentando acertar na mosca. Com setinhas de metal.
Roberto tem paixão pelos esportes motorizados, e gosta de dirigir seu impala, em disparada. Quer comprar uma Ferrari, um Ford GT e um Interlagos. Quando fala em futebol, porém, trinca os dentes, relembrando sempre que ficou de fora nas peladas. “Tenho raiva de bola”.

O PROGRAMA QUE NINGUÉM QUERIA

No dia em que a agência de publicidade Magaldi, Maia & Prosperi procurou a TV Record para comprar, em nome de um anunciante, o programa Jovem Guarda, o diretor da emissora deu um suspiro de alivio: - Eu estava pagando um dinheirão para Roberto e ainda não conseguira interessar nenhum anunciante no programa. Era setembro de 1965. Os produtores da TV Record haviam chegado à conclusão, pouco tempo antes, de que um programa de ié-ié-ié teria muito sucesso, porque os Beatles era o fenômeno musical do momento. Para comandar o programa pensaram em muita gente até se fixarem num jovem rapaz que fazia e cantava músicas que a juventude andava repetindo: - Quanto você quer para fazer Jovem Guarda? “Seis milhões de cruzeiros por mês”. O diretor espantou-se e disse que somente daria um milhão e meio. Discutiram durante uma hora. No fim, Roberto assinou. Receberia 4 milhões mensais. E teria ainda 20% da bilheteria do teatro Record, uma porcentagem na venda dos videotapes para outras emissoras, passagens de avião e liberdade para assinar outro contrato no Rio. Com o horário comprado, a agência de publicidade levou ao anunciante o programa encomendado e recebeu uma resposta surpreendente: “Esse negócio de juventude é negativo. Vocês sabem, playboys, transviados. Pensando bem, não seria boa recomendação para os nossos produtos. Achamos melhor cancelar o programa”. Como ninguém mais se interessava, os homens da agência resolveram: “Vamos nós mesmos patrocinar”. A partir da decisão, as idéias foram surgindo. Um contrato feito com Roberto Carlos levou-os a criação de uma empresa que cede a marca Calhambeque as indústrias fabricantes de certos produtos, mediante pagamento de royalties. Os sócios da nova firma - a agência de publicidade do cantor - decidiram que os produtos a serem fabricados seriam calças e salas, no estilo dos blue-jeans norte-americanos, modificadas por Roberto.
Em cada programa, o cantor repetia: “Calhambeque vem aí, é uma brasa, mora!” E os resultados superararam todas as perspectivas. Poucas semanas depois do lançamento, o fabricante do tecido utilizado nos modelos chegou à produção de 200 mil metros mensais. Em 4 meses, com a criação de novos produtos - camisas, sapatilhas, chapéus, chaveiros, cintos -, a venda atingia 350 mil peças. Sem contar os novos produtos que estão sendo lançados - roupas de inverno, refrigerantes, acessórios para automóveis, bolsas,artigos escolares -, Roberto Carlos passou a receber, em média de 15 a 20 milhões de cruzeiros mensais em royalties. No dia seguinte a cada programa de Roberto, os donos de lojas ouvem seguidas vezes a mesma pergunta: “O senhor tem um boné igual aquele que o Roberto Carlos usou ontem?”

SALÁRIO DE 8 MILHÕES

E por tudo isso que em fevereiro, quando Roberto foi chamado para renovar seu contrato com a TV record, saiu da sala com 8 milhões de cruzeiros mensais e as mesmas vantagens do contrato anterior. Logo, em seguida, chegou o convite inevitável: “Queremos fazer um filme sobre Roberto Carlos”. A proposta era de Luis Sergio Person, que dirigiu São Paulo S.A. Pouco tempo depois, estava fundada mais uma empresa da qual Roberto era um dos sócios principais: a Jovem Guarda Produções, que fará um filme sobre o ié-ié-ié no Brasil e, com a renda obtida, dedicar-se à produção de outras fitas.

Também uma empresa de histórias em quadrinhos resolveu aproveitar o sucesso do ié-ié-ié. Propôs e viu aceita a criação de uma revista com o nome de Jovem Guarda que sairá neste mês. Vai contar as aventuras da turma do ié-ié-ié, usando a linguagem e filosofia da vida de seus cantores. Os argumentos de algumas historietas são do próprio Roberto. Para tratar de todos esses negócios, o cantor reune-se com os sócios na sede da agência, onde já tem lugar reservado na cabeceira da mesa de reuniões. Ele ouve mais do que fala. Sempre desenhando no bloco de papéis que está à sua frente, principalmente carros de corrida. Fica contentíssimo quando um dos diretores da agência o chama de sócio, ou quando nas discussões é apontado apenas com as inicias RC. Como nos filmes americanos. Suas opiniões são definitivas: “Não sei não, cara. Não gosto disso, não”. Sua filosofia comercial é imediatista, como tudo o que faz. E ele a repete a todos que lhe vêm propor negócios: “Investimento que não der 50% de lucro não é papo pra mim”. Duas vezes por mês, entretanto. Roberto dá shows beneficientes nas capitais ou em pequenas cidades do interior, sempre com renda destinada às crianças. Ajuda também os colegas, principalmente os que estão começando. E, enquanto balança o corpo ao ritmo do é-ié-ié, na boate Cave de São Paulo ou no Le Bateu do Rio, Roberto Carlos talvez se lembre dos tempos em que sua atual secretária, Edy Silva, vivia nos corredores da televisão, suplicando aos produtores: - Por favor, bota o Roberto Carlos em seu programa. Ele vem cantar até de graça. Por favor.